quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Parto para renascer...

Chegou de supetão e conseguiu um espaço aos meus olhos. Com isso aprendeu a lidar com minha 'criancice e imaturidade' (mesmo me julgando madura para a idade que tenho) e também com meus motivos 'idiotas e sem sentido de preferir a grama' -como dizia algumas vezes, me constrangendo perante os seus amigos. Foram muitos meses juntos, muitas histórias legais para espalhar, muitas crises e dúvidas, muitas coisas novas que me mostrou do mundo e outras que lhe ensinei a enxergar... muitas coisas das quais reclamei e aceitei, assim como você também fez o mesmo. 
Mas enfim... você escreveu para mim certa vez num cartão postal: 
"A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem. - Oscar Niemeyer"
Sim... precisamos sonhar. Por algum tempo eu nem sequer pude dormir, agora é hora de eu sonhar. 
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Pois bem, como disse e reafirmo: Um ponto final pode ser um início de reticências. 
Para haverem novas frases, novas estrofes escritas - seja da mesma história ou qualquer outra - é necessário que tenha havido alguma interrupção, algum ponto e vírgula ou ponto final. E eis aqui uma oportunidade de continuar a escrever este livro que se findará um dia.
Não é que falte amor, que falte companheirismo e carinho... não que isto falte. Mas é que o que falta não poderia haver. É aquele "...mas, sei lá!" escrito em meio a madrugada.
Foram muitas as lágrimas que escorreram, fortes foram as olheiras e olhos inchados, várias foram as palavras que se gravaram no papel, mas isso tudo foi consequência de todos os bilhões de pensamentos que me ocorriam e se acumulavam. Alguns amigos tentavam me auxiliar ao ver minha aflição, a única coisa que extrai de todos os conselhos foi: "Para de pensar. Se pensar só tem te confundido, pare, pois de confusão já basta a realidade." Decidi tomar uma ação e não pensar mais em nada. E assim estou - tentando.
E como sempre, como medida desesperada de buscar compreensão em relação ao que sinto, eu fujo. Eu saio tropeçando, eu pulo fora, digo 'até mais' (pois nunca se sabe o dia de amanhã) e corro. Corro como se alguém gritasse a mim "Corra Forrest, corra..." e parto. 
"Parto para renascer." 
Mesmo sabendo que estou a magoar alguém que muito quero o bem e assim me ferindo pouco a pouco, me sinto na necessidade de partir... de me deixar no cais e me procurar na outra margem, de me exilar na base e me elevar até o ponto mais alto da colina e me encontrar. Pois, como escreveu meu querido Álvaro de Campos: 
"Porque é sempre de nós que nos separamos quando deixamos alguém,
É sempre de nós que partimos quando deixamos a costa..."
Eu confesso que muitas foram as vezes que pensei em fazer isso, assim como foram muitas as vezes que neguei a mim este desejo de partir. Foram demasiados motivos e questões que me trouxeram até o dia de hoje, ora esquecendo as picuinhas ente nós e ora remoendo-as e permitindo que tivessem força em minhas ações e pensamentos. Mas, como acordado entre nós que ninguém mudaria para o outro, já não vejo mais motivo que nos fizesse continuar a tentar. Olhar nos olhos e beijar a boca de uma pessoa sentindo a distância entre os corações não dá, é algo que não consigo levar a diante. Eu peco é no fim.

Vou citar o cenário do momento, pois a trilha sonora pertence a todos os momentos em minha história e este será digno de vários post futuros: Enquanto a conversa rolava, ao lado, sentados na praça, haviam senhores com violões, um pandeiro e uma sanfona e assim caetaneavam: "De hoje em diante eu vou modificar o meu modo de vida. Naquele instante em que você partiu e destruiu nosso amor..." Eu cantava uns trechos em minha mente, mexendo brandamente meus lábios olhando para o outro lado da rua e pensando 'putz... olha a música que foram tocar!' Eu me remoía por dentro devido à trilha sonora. 
Entre uma busca por compreensão e um beijo final eu só conseguia ouvir no plano de fundo de minha imaginação aquilo que Nenhum de Nós cantava "... esse foi um beijo de despedida que se dá uma vez só na vida..." e pensava depois "... tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto." 
E a conclusão do término quase se deu com um trecho muito oportuno no momento - me faltou coragem de empregar a esta música o papel de som ambiente, mas... "Ela me disse: Eu já não sei mais o que eu sinto por você. Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê..." Você apenas diria "...ainda é cedo".
Mesmo após um ano e cinco meses me proporcionando alegrias, companheirismo, afeto e muitíssimas outras coisas boas que são incontáveis, lhe digo, meu querido: Eu não posso mais - e ponto final. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Se meus dias estivessem contados...

* Primeiro post de 2014 sendo uma bomba passada *

São estes momentos nos quais me pego relendo rascunhos inertes é que me reconheço de fato, que tenho a oportunidade de me sentar comigo mesma e debater com esta que me veste o que a outra de mim pensa sobre o que falo de mim a mim mesma. Enfim, é comigo que me perco e me encontro em pensamentos.
Este que está descrito abaixo fora escrito entre os meses  nove e dez do ano que se passou e apenas hoje -sim, embora haja coragem, o medo de que o universo escute as palavras escritas e as façam reais reina em mim.- enfim, apenas agora deixo-as às claras, pois de fato e comprovadamente: 
A sanidade, a saúde e a saudade em mim ainda vive. E viva!  

---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---   ---
Só de pensar que comecei a escrever em um bloco físico o Se meus dias estivessem contados por mera vontade de registrar em outros meios minhas reais ideias e desejos... Hoje me deparo com um real sentido para escrevê-lo. Tristemente, meu subconsciente já cogitava tal peripécia do destino para tirar-me deste mundo.

Desestabilizou-me o psicológico um ato que seria inofensivo. Minha amada curiosa a mexer em meus pertences, com o meu consentimento falho, verifica folhas antigas minhas, exames datados de abril e tomou-a a curiosidade em saber os resultados. Resultados esses inexistentes, já que não dei procedimento em tais exames. Nunca fui fã de hospitais ou qualquer pessoa que se vista inteiramente de branco... Assombrações, vão de reto! rsrs
Enfim, ela como mestre sabes bem de muitas coisas que não sei. Uma delas é o significado de uma palavrinha assustadora, pois, o motivo dessa palavrinha estar constata ali já me entregaria ao caminho obscuro do 'deixar de viver'. O simples fato de possuir determinada doença já me consumiria mais que a própria. Eu já tenho o medo instalado em mim ao ouvir tal palavra, já me corrói a alma o fato de pensar nisto, já me enterra os sonhos e as realidades que poderia vir a conquistar, já me enterra com toda a dor que me causaria e que dominaria também àqueles que estivessem comigo na luta de vencê-lá.
Minha amada curiosa ficou preocupadíssima. Ela sabe bem as complicações e a ausência de vitalidade em tais casos, pois fez disso seus estudos, estando próxima o suficiente de pacientes totalmente exauridos pela enfermidade: "É muita tristeza, dor a ausência de vida... indigno a qualquer um esse fim..." dizia.

Quero deixar tal trecho de meu querido e meu preferido heterônimo de Pessoa - Álvaro de Campos - os versos dos quais temo ser reais. Não posso aceitar - ainda em vida - que tais sigam a linha da verdade:


"Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nascestes, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti."


Eu não me enquadraria em tal verso, eu choraria mais que duas vezes. Choraria mais que a quantidade de dias a chover na cidade. Choraria e riria, como medida desesperada de consolo pela ausência dos que amo e não mais estivessem aqui.
[...]
Não pude evitar minhas lágrimas ao escrever este post, principalmente ao iniciar uma antiga cantiga de Cartola, já que a vida é um moinho, eu queria ser a água corrente. E sou a água corrente, que move a vida, dá-lhe um sentido e se vai:

"Ainda é cedo, amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar." 

E findo este, em lágrimas, com um trecho de Guilherme Arantes:
"...um dia, um adeus e eu indo embora."