terça-feira, 11 de outubro de 2011

O livro dos dias... dia 11 de outubro.

"É tão estranho, os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você que acabou indo embora cedo de mais... "




Iniciei o texto com esse trecho porque classifica bastante o que penso, não que seja a verdade, não tenho como afirmar e nem poderia. 
Posso afirmar, por minha concepção de "certo e errado" que este homem, este poeta que se foi é meu anti-herói favorito. Aquele que construiu seu castelo em cima do palácio de Kubitschek e Niemeyer, em cima e acima de tudo e de toda Rockonha que frequentou.
Não vou proteger, julgar, culpar... ele já recebeu sua sentença. Está cumprindo-a.


Deixou seus pais, seu filho, seus fãs... sua legião de fãs. O mundo. 
Sofreu, chorou, tentou findar a própria vida e assim mostrou sua fraqueza. Tentou lutar, cantar, vencer a doença que lhe consumia, ser forte. Foi forte! Foi fraco! Foi Rock!


Foi com toda sua essência jovem e idealista, "punkíssimo" e nacionalista. Se protegia sozinho "-Tire suas mãos de mim!-" não pertencia a ninguém e defendia a compreensão de maneira livre e não dominante, repremida. E ainda nos perguntamos "-Será que vamos conseguir vencer?-".


Foi "corajoso" (está mais para sincero que corajoso - creio) em revelar suas opiniões, preferencias. Demonstrava sua opinião dizendo que cantava em português errado, achava que o imperfeito não participava do passado, trocava as pessoas, os pronomes... não precisava de tanto para viver, apenas de oxigenio, de amigos, um pouco de dinheiro, de carinho... eram todas pequenas coisas que passavam. Teve a suficiência de assumir nacionalmente que gostava tanto de meninas quanto de meninos. Gostava de viver -a sua maneira, com seus cavalos-marinhos-.


Foi como aquela garotinha trancada no banheiro, fazendo marcas no seu corpo com um canivete, seus tornozelos sangraram e a dor era menor do que parecia, pois quando se cortava, esquecia que era impossível ter na vida calma e força.
Tinha ao seu redor anjos; anjos tristes, anjos românticos... vinte e nove anjos, vinte e nove amigos. Sempre soube a importância do amor, que era preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... 


Mesmo com tudo o que tinha (e não tinha também), classificava em cada estação do ano um momento de sua vida. Queria descançar, subir nas pedras, deixar a onda acertar-lhe e o vento levar tudo embora. Sentia tristeza ao ver o mar, mas era ele quem dizia que entregar-se era bobagem. O plano sempre foi ficar bem.


Bem, em seus poucos trinta e seis anos de vida e desventuras ele foi TANTO, tantos sentimentos que nem ele próprio conseguia declarar o que era, o que sentia. 


Para findar o artigo, minha homenagem, de forma contrária e até contraditória ao início (assim como foi sua própria vida) deixo os primeiros de 159 versos que narraram a maior aventura criada por este que é meu anti-herói...


"Não tinha medo tal João de Santo Cristo, era o que todos diziam quando ele se perdeu. Deixou para trás todo o marasmo da fazenda só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu..."


Se passaram 15 anos, mas a Legião ainda está bem viva... em nós!